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Grupo britânico, considerado o maior da história da música mundial, teve fim marcado por brigas, trocas de farpas públicas e até mesmo disputas nos tribunais
O fim do ano de 2024 marca o aniversário de 50 anos da separação “legal” dos Beatles, banda britânica considerada por muitos especialistas como a melhor da música mundial. O grupo formado por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr já não gravava junto desde 1969 e não lançava nenhum disco inédito desde 1970, mas o fim oficial da banda, pelo menos em termos jurídicos, se arrastou durante quatro anos e envolveu muitas disputas judiciais.
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Por que os Beatles se separaram?
Vários são os motivos que causaram o fim da banda The Beatles. A razão mais popular e mais comentada em todo o mundo é a presença constante da então nova companheira de John Lennon, a artista Yoko Ono, que passou a frequentar os estúdios de gravação e todos os ambientes em que o marido estava. Com isso, o nome de Yoko Ono acabou se tornando um sinônimo de “estraga-prazeres” entre muitas pessoas.
Apesar dessa crença quase universal, a influência de Yoko Ono sobre John Lennon não pode ser considerada a maior causa para o fim dos Beatles e os próprios membros da banda já reconheceram isso. A morte do empresário Brian Epstein, em 1967, fez com que o controle da banda caísse na mão dos músicos, que tinham menos de 30 anos na época e pouca noção de finanças. A disputa de egos entre os membros, a monopolização das decisões em John e Paul e a falta de espaço para George Harrison e Ringo Starr gravarem suas próprias canções também são fatos que desgastaram a relação entre os quatro ingleses e acabaram fazendo a banda se separar.
Fim “oficial” dos Beatles
Em setembro de 1969, John Lennon disse aos colegas de banda que estava deixando o grupo, mas manteve a notícia em segredo por muitos motivos, incluindo os contratos que o grupo já tinha assinado. Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciou o lançamento de seu primeiro álbum solo e, junto com ele, a sua saída da banda. A declaração causou ainda mais rusgas entre os membros do grupo, já que eles entenderam que Paul se colocou como o responsável pelo fim dos Beatles e ainda teria usado a notícia para divulgar seu novo disco.
O fim legal dos Beatles, no entanto, estava longe de ser concluído. O grupo tinha contratos com a EMI e a Capitol Records para o lançamento de discos até 1976 e era de interesse do grupo que esse acordo fosse cumprido. Além disso, o grupo havia fundado anos antes uma empresa chamada Apple Corps, criada justamente para atender os interesses da banda.
O “The Beatles Agreement” (o Acordo dos Beatles) assinado no dia 29 de dezembro de 1974, define a divisão dos direitos autorais de suas canções e outros assuntos legais sobre o fim da banda. A última assinatura foi a de John Lennon.
Ofertas lucrativas para um retorno
“Havia muita tensão entre vários membros do grupo”, afirmou Holly Tessler, diretora do programa de mestrado da Universidade de Liverpool sobre os Beatles.
Uma separação parecia ser a única saída possível, de acordo com Doggett.
“Teria sido um grande erro se eles não tivessem se separado, porque o senso de unidade que foi sua base entre 1962 e 1969 havia desaparecido. Estavam começando a se ver como indivíduos fora daquela associação”, diz ele.
Tessler concorda que o distanciamento entre os quatro tornou inviável outra saída.
“O fato de nunca terem se reunido, apesar das inúmeras ofertas lucrativas, mostra como as tensões estavam profundamente enraizadas”, disse a acadêmica.
Philip Norman, autor do livro de 1981 “Shout!: The true story of The Beatles”, também acredita que era difícil lidar com a pressão a que estavam submetidos diariamente.
“Muitas vezes era muito desagradável, muito estressante e, às vezes, muito assustador ser um Beatle. E somente os quatro entendiam essa situação”, afirmou à AFP.
Depois de assinar os documentos em 29 de dezembro de 1974, seus advogados finalizaram todos os aspectos legais da separação pouco tempo depois.
“É bem possível que a dissolução não tenha sido oficializada em termos legais até o início de janeiro. Mas, no que diz respeito aos Beatles, o acordo foi feito em 29 de dezembro, quando John assinou e a data foi acrescentada à mão no documento datilografado”, explica Doggett.
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“Nunca haverá ‘novos Beatles’”
A estrutura comercial em torno do quarteto e a separação entre seus membros não foi simples.
“Com quatro carreiras solo diferentes em andamento, os negócios do grupo eram muito complicados de serem resolvidos. Havia também implicações fiscais consideráveis, assim como a questão de honrar seu contrato com a Capitol Records, que se estendia até 1976″, diz à AFP Kenneth Womack, autor do livro “Solid state: The story of Abbey Road and the end of The Beatles”, publicado em 2013.
O grupo se separou entre 1969 e 1970 e sua dissolução oficial data de 29 de dezembro de 1974, mas seu legado continua vivo cinquenta anos depois.
“Nunca haverá ‘novos Beatles’, embora tenha havido uma busca por um desde 1970. Mas os originais sempre serão um símbolo de liberdade, experimentação e otimismo, que estão em falta no mundo contemporâneo. Eles simbolizaram todas as incríveis mudanças criativas e sociais da década”, resume Doggett.
(Com informações de AFP)
Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
